quinta-feira, 2 de junho de 2011

A TRAGICÔMICA HISTÓRIA DE NÃO TER E NÃO SER

Muito me embasbaca os alaridos dos Mercadores da Fé.
Deles, com repetição se observa histórias de chamados místicos nas quais as posições de atalaias e sacerdotes entre seus pares e até entre as nações são requeridas, e, por conseguinte, delegadas por Deus.

Um se auto denomina “Profeta das Nações”, outro “Profeta da Prosperidade”, ainda outro “Voz Profética do Brasil” e assim desenvolvem-se os xeroxes dos gurus de pequenos deuses norte-americanos em território tupiniquim.

Para esses Mercadores a fé é reverenciada como substância tangível e material, como se por ela fossem feito os átomos, moléculas e todo o cosmos. A fé é apresentada como matéria prima para o próprio Criador, para que dela, Ele, ter-se-ia que socorrer a fim de Ser quem É.

Mas a fé como um fim em si apenas dista do lúgubre e do cartesiano para o místico e por fim, ao inconseqüente.

E o que de mais soam esses alaridos e arautos dos Mercadores da Fé e seus replicados xeroxes espalhados pelo clero evangélico brasileiro?
- Soam invariavelmente como portadores de novas notícias:
 Novas notícias de que o Deus do Cosmos os escolheu e nomeou-lhes como intercessores do povo. Uma espécie de Maria que se pode pagar pelos Armani’s;
 Novas notícias de que Deus os escolheu como abençoadores do povo, como atalaias e ultimando: reais sacerdotes. Sacerdotes de uma Aliança sem sacerdotes. Sacerdotes de uma era em que o Sumo-sacerdote é da ordem de Melquisedeque que não se sabe de onde veio nem ao certo quem foi. Sacerdotes de uma linhagem cujo eixo teima em permanecer em Levi quando de fato se moveu para Judá.

Quando paro para ruminar escritos neotestamentários (e não apenas ler), percebo que esses auto-nominados reais sacerdotes assassinam o Evangelho, a Graça, e, acima de tudo, o sumo-sacerdócio dos crentes.

É que Jesus nada tem haver com religião – com dogmas – com cangas ou fardos. Já o controle das massas se faz simples assim – com repressão – culpa – e medo.

Os mais antigos religiosos evangélicos, os arrimos pentecostais brasileiros, têm uma geração, duas ou até três de antecessores também evangélicos. A educação, a cultura e a cosmovisão da fenomenologia de tudo o que lhe cerca vem desse mesmo berço.

Mesmo que não corrompidos por dinheiro esses arrimos evangélicos foram comprados por aqueles auto-nominados com deferência, com glória e pela vaidade.

Pior, os arrimos não distinguem mais o Evangelho dos Evangélicos pelo caldo em que estão servidos desde 1970, advindo do Neo-Pentecostalismo. Pegando um o sabor do outro, de geração em geração, os Evangélicos roubam do Evangelho o que da sua interpretação convém e lhe cunham os valores da Aliança da Lei.

Mas agora é moda ...
A moda é falar “que os outros se desviaram do Caminho” ...
A moda é falar “que os outros estão pregando Outro Evangelho” ...
A moda é falar “que os outros se perderam” ....

A verdade é que o que se vê fazer é o mesmo dos auto-nominados mas com uma roupagem que lastima “os outros” e que não percebe a trave em seus próprios olhos.

Como é bom escrever como Theo Pimenta!
Theo Pimenta não tem interesses ...
Theo Pimenta não espera glória, aceitação nem tão pouco audiência ....
Theo Pimenta sou eu – livre de mim – pronto a pensar, refletir e perceber que a grandiosidade da divindade em relação a criatura é abismo, e abismo não se transpõem.

Theo Pimenta